Sua Excelência Armando Emílio Guebuza, de apelido Tchembene, nasceu a 20 de Janeiro de 1943, em Murrupula, Província de Nampula onde, seu pai, Miguel Guebuza, exercia a função de enfermeiro e sua mãe, Marta Bocotta Guebuza, doméstica.
Em 1948, o seu pai é transferido para Lourenço Marques, nome como era chamada a Cidade de Maputo, no período colonial. Aqui, aos seis anos, Armando Guebuza inicia os seus estudos no Centro Associativo dos Negros da Colónia de Moçambique, também conhecido como Ntsindya, no Bairro de Xipamanine. O fenómeno associativo teve como espaço próprio, o ambiente urbano da Colónia de Moçambique, tendo-se concentrado em Lourenço Marques, fruto da iniciativa dos homens de então. Esta associação havia sido fundada em 1932, sob o nome de Instituto Negrófilo, tendo mudado de nome em 1937. O Instituto Negrófilo forma-se como uma entidade reivindicativa contra a discriminação racial instituída pelo colonialismo.
Antes do Instituto Negrófilo, um grupo de negros e mestiços, já com algum nível de instrução, começara a reagir sobretudo às tendências discriminatórias e à marginalização social e política, impostas pela administração colonial portuguesa. Entre os mentores destas reivindicações contavam-se negros e mestiços, membros das velhas famílias locais. Estavam, na maior parte ligados à administração publica ou tinham profissões liberais. É neste contexto que surge, em 1908, o jornal O Africano, no qual se publicou o Programa da associação que se propunham criar , denominada Grémio Africano de Lourenço Marques. Este terá, por ventura, sido o primeiro exercício organizado, para se opor às politicas opressivas do regime colonial, após o esmagamento dos movimentos de resistência do inicio do século no sul de Moçambique.
Na verdade, o período entre 1890 e a primeira década do século XX foi, em Moçambique, de ampla movimentação de grupos nativos, em busca da afirmação da sua identidade, culminando com a criação deste Grémio Africano de Lourenço Marques, em Dezembro de 1908. No caderno reivindicativo desta associação estão presentes todos os aspectos que vão permear todas as reclamações até ao advento da luta de libertação nacional: terra, capital, regime de trabalho, ensino e papel do Estado. Do ponto de vista legal, o Grémio existiu até́ 1938, data em que passa a ser designado por Associação Africana, mantendo-se até́ à independência de Moçambique, em 1975. O apelo, insistentemente lançado à unidade por esta associação, leva a procurar os factores de divisão interna, que aliás deram origem não só ao Instituto Negrófilo (mais tarde Centro Associativo dos Negros da Colónia de Moçambique), mas também ao efémero Conselho Nacional Africano (ANC). Como se referiu antes, não foi somente a questão de raça que levou ao desmembramento do Grémio mas, sobretudo, a manipulação do regime colonial, tendo em vista controlar os impulsos nacionalistas em incubação. Foi neste ambiente efervescente que cresceu Armando Emílio Guebuza.